Oficial da Marinha do Brasil faz declarações sobre OVNIs

Por: Jackson Camargo Comentários: 0

Militar de carreira descreve o processo de registro de fatos ufológicos pela Marinha do Brasil e detalha avistamentos. 


Neste artigo:


Por Jackson Luiz Camargo – ufojack@yahoo.com

Introdução

A Marinha do Brasil (MB) é um dos três ramos das Forças Armadas do Brasil, sendo responsável por conduzir operações navais. É a mais antiga das Forças Armadas brasileiras, a maior da América do Sul e da América Latina e a segunda maior do continente americano, depois da Marinha dos Estados Unidos.

A missão primordial da Marinha é garantir a defesa da Pátria juntamente com as demais Forças Armadas. Para o cumprimento de sua missão constitucional a Marinha deve preparar e aplicar o Poder Naval. Cabe ainda à Marinha, como missão secundária, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República.

Como o Brasil não possui um órgão exclusivo para organizar, fiscalizar e orientar a Marinha Mercante e policiar a costa brasileira e águas interiores, ela também exerce o papel de “Guarda Costeira”.

Ao longo de sua história, participou de importantes eventos históricos, notadamente a Guerra do Paraguai (1864-1870), e nas duas Guerras Mundiais, travadas no Século XX.

Também participou de Operações de Manutenção da Paz, em diferentes países, além de treinamentos conjuntos com forças navais de diferentes nações.

Os UAPs e as Forças Navais

Durante a Segunda Guerra Mundial, o número de avistamentos ufológicos cresceu, com um aparente interesse das inteligências por trás desse fenômeno, no conflito que se seguia. Muitos desses avistamentos, ocorridos neste período, envolveram forças aeronavais, no Teatro de Guerra do Pacífico. Terminada a Guerra, todos os envolvidos perceberam que tais manifestações não se tratavam de armas secretas do inimigo e sim algo ainda por explicar.

Depois de 24 de Junho de 1947, quando o piloto Kenneth Arnold, um veterano da Segunda Guerra Mundial, avistou nove objetos voadores, nas proximidades do Mount Rainier, no Estado de Washinghton, Estados Unidos, o número de avistamentos cresceu de forma rápida em todo o planeta. Muitos destes registros envolviam não apenas objetos estranhos no céu, mas também nas águas. Aparelhos de altíssima tecnologia, com comportamento inteligente, demonstrando curiosidade e certa cautela em relação às testemunhas.

Por anos, governos de todo o planeta negavam tais ocorrências, publicamente redicularizando os avistamentos, mas em seus ambientes reservados, registrando e investigando tais fatos. Isso se confirma agora, com as recentes divulgações de vídeos, feitos pela Marinha dos Estados Unidos, em que se observam objetos não identificados que claramente não possuem qualquer relação com aparelhos criados pela tecnologia humana.

Soma-se à isso documentos e testemunhos relacionados à diversos incidentes, envolvendo a Marinha dos Estados Unidos, com avistamentos de objetos a média e curta distância, sendo testemunhados por marinheiros em suas missões.

Também com a Marinha do Brasil

A Marinha do Brasil, assim como a dos Estados Unidos, também acompanha com vivo interesse a questão ufológica, embora oficialmente evite qualquer declaração sobre o tema.

O primeiro envolvimento conhecido com a questão ufológica ocorreu em 1846, quando o Capitão de Fragata Augusto Leverger observou um objeto voador luminoso, quando encontrava-se navegando nas proximidades de Assunção, no Paraguai. O objeto voador deslocava-se em movimentos de zig-zag, silenciosamente. O fato foi noticiado na “Gazeta Official do Império do Brasil”, quinta-feira, 26 de novembro de 1846, página 295. Mais informações sobre este caso podem ser acessadas clicando aqui.

Capitão de fragata Augusto Leverger, que em missão pela Marinha do Brasil avistou um OVNI luminoso nas proximidades de Assunção, Paraguai.

 

Outro evento famoso, com o qual a Marinha se envolveu foi com o extraordinário avistamento ocorrido na Ilha de Trindade, litoral do Espírito Santo. Na ocasião, dezenas de marinheiros observaram um disco voador aproximar-se da ilha e após um rápido sobrevoo afastar-se em direção ao oceano.

O fato foi testemunhado por parte da tripulação no navio escola Almirante Saldanha e registrado em quatro fotografias pelo fotógrafo Almiro Baraúna, que revelou as fotografias a bordo. O caso ganhou a imprensa e teve repercussão mundial. Até hoje, poucas páginas de documentos oficiais sobre o caso estão disponíveis. Mais informações sobre este caso podem ser acessadas clicando aqui.

Navio Escola Almirante Saldanha, a bordo do qual vários marinheiros tiveram um avistamento ufológico na Ilha da Trindade, no litoral do Espírito Santo

 

Além das poucas páginas de documentos da Marinha com menções ao avistamento na Ilha de Trindade, se conhece outros dois importantes documentos que tiveram origem na Marinha, mas que não foram oficialmente liberados ao público por ela. Ambos os documentos foram compartilhados com a Força Aérea Brasileira que os disponibilizou ao público, em cumprimento à Lei de Liberdade de Informação.

No primeiro documento, composto de 43 páginas, temos documentos originados do 3º Distrito Naval, sediado em Natal, no Rio Grande do Norte. Os relatórios descrevem que em 27 de julho de 1980, o rebocador Caiobá SeaHorse retornava da plataforma da Petrobrás “Ubarana”, a 12 milhas da costa de Pititinga, com proa a 150º. Às 18h50, a tripulação observou uma luz branca, a cerca de 5º acima do horizonte e 30º à direita da proa. Inicialmente, pensaram que tratava-se de alguma bóia de sinalização ou talvez outro barco, entretanto, ao observar com um binóculo concordaram ser um objeto pairando no ar. Alguns minutos depois, o objeto luminoso se aproximou da embarcação, permanecendo a 20 metros de altura sobre o mar e a 20 metros de distância, exigindo uma manobra que quase parou o rebocador. Por fim, a luz desapareceu em direção ao continente, subindo a uma velocidade “incrível” e ganhando altitude até sumir.

O documento da Marinha, relacionado ao avistamento dos tripulantes do Caiobá SeaHorse possui croqui detalhando o fato.

 

O segundo documento, de 3 páginas, descreve um avistamento ufológico ocorrido no Rio Amazonas, nas proximidades de Paritins (AM), pela tripulação da Corveta Mearin, em 5 de maio de 1980. Na ocasião, vários objetos luminosos surgiram na superfície da água.

A Corveta Mearin, que envolveu-se em um avistamento ufológico no Rio Amazonas, em 5 de maio de 1980.

De todos os envolvimentos conhecidos da Marinha do Brasil com o tema OVNI, o Caso Navegantes é o mais interessante. Em 2 de julho de 1974, um estranho objeto voador, metálico, desceu aparentemente em queda, a algumas centenas de metros da praia, sendo testemunhado por pescadores locais. Pouco antes do choque com a água do mar, o misterioso aparelho, desacelerou e pousou na água, afundando em seguida, causando apreensão nas testemunhas. Estas, temendo um desastre aéreo, contatam as autoridades marítimas locais que mobilizam uma equipe de resgate que aparentemente nada encontra. Entretanto, atividades suspeitas da Marinha no local da queda indicam que algo realmente pode ter sido descoberto e até mesmo resgatado pelos militares. Mais informações sobre este caso podem ser encontradas clicando aqui.

Um objeto voador metálico teria caído em Navegantes, Santa Catarina, em 2 de Julho de 1974. O objeto teria sido resgatado pela Marinha.

 

 

Militares relatam avistamentos

Em 1986, o Brasil foi palco de uma intensa onda ufológica, em que milhares de pessoas, por todo o Brasil, testemunharam avistamentos ufológicos. A grande maioria dos avistamentos ocorreu na noite de 19 para 20 de maio de 1986, quando dezenas de OVNIs surgiram sobre o país, sendo captados por radares e perseguidos por caças da Força Aérea Brasileira. A cidade de Brasília e suas cidades satélite também foram palco de avistamentos naquela noite e um deles ocorreu no antigo CADEST, em Brasília, onde havia mais de 120 militares do corpo de fusileiros navais em programa de treinamento. O avistamento ocorreu no horário do rancho, por volta das 21 horas, quando os militares observaram a movimentação dos objetos. O fenômeno foi de tal forma impressionante que alguns militares tiveram de ser amparados, dado o impacto psicológico das manifestações ali testemunhadas. A entrevista com o militar e mais detalhes sobre este episódio podem ser encontradas clicando aqui.

 

Oficial faz declarações

A pesquisa ufológica exercida com seriedade, ética e respeito às testemunhas permitem ao ufólogo o reconhecimento pelo seu trabalho. Muitas vezes esse reconhecimento vem na forma de confiança, que uma importante testemunha concede ao pesquisador. E foi isso que permitiu à este autor a honra de entrevistar um militar de carreira da Marinha do Brasil, que forneceu informações importantes sobre a questão ufológica dentro da Marinha. Por razões óbvias seu nome será omitido e utilizaremos um pseudônimo ao longo da entrevista.  Também omitiremos dados que podem identificá-lo de alguma forma. Chamaremos nosso informante apenas de Sílvio. Vamos ao seu depoimento:

Jackson Camargo Boa noite senhor Sílvio. O senhor foi operador de radar da Marinha. Poderia nos falar um pouco sobre sua carreira na Marinha, em que época o senhor serviu e onde? Se for possível comentar…
Sílvio: Boa noite Sr. Jackson. Investi na Marinha em 197* e fui selecionado para cursar o curso de, ou melhor a especialidade de operador de radar, no final de 197*, porém, de 75 até 79, eu trabalhava no departamento de operações, ou seja, todo navio tem vários departamentos. O departamento de operações é o responsável pelo setor de guerra antiaérea, guerra de superfície e guerra de submarino. Dentro desses aspectos aí, há a especialidade de operador de radar e operador de sonar. O Operador de radar, na real, ele se especializa em três aspectos, que é a guerra antiaérea e a guerra de superfície. Porque é preciso entender que um navio de guerra ele se posiciona para qualquer defesa ou até mesmo ataque, através da visualização que ele tem usando o radar. Ele usa o radar para fazer a navegação detectar alvos e fazer enquadramento dos alvos. O operador de sonar ele também opera dentro desse segmento, porém direcionado apenas para alvos submarinos.

O meu tempo de embarque são 18 anos e alguns meses. Eu não lembro direito. Mas dentro desse período eu servi em vários navios tá? E viajei por muitos lugares também. Só que quando nós viajamos, nós iniciamos um, o que nós chamamos de diretiva. Nós tínhamos um planejamento de viajem, onde são realizados vários exercícios, inclusive com Marinhas amigas, onde nós fazemos vários tipos de exercícios, aí incluído alvos aéreos e alvos submarinos. E aí, exatamente durante essas trajetórias é que nós tivemos algumas coisas que vocês chamam de OVNIs né? Nós tivemos vários contatos com vários objetos. Não só a  gente, mas creio que também outras Marinhas também. Quanto ao servir, eu passei por cerca de 8 contra-torpedeiros. E também tive o prazer de servir a bordo do Navio Aeródromo Minas Gerais. Dentro desse aspecto aí de servir né, também viajei pra outros lugares aí junto com Marinha americana, canadense, espanhola, portuguesa, chilena, argentina, uruguaia. E era muito normal quando se detectasse um alvo desse, nós através de fonia nos  comunicávamos com outros navios se eles observavam aqueles alvos. A resposta geralmente era positiva e todos tinham os mesmos procedimentos em trackar (rastrear) o alvo, tirar fotografia e fazer os relatórios.

Esses relatórios, eles eram circunstanciados, tentando dar o maior número de informações possíveis. Esse relatório recebia um carimbo de documento confidencial e era enviado para o Estado Maior.

Jackson Camargo: O senhor, como militar, viu coisas interessantes enquanto servia a Marinha. Se o senhor puder compartilhar essas histórias eu iria adorar conhecer. E se houver algo que não possa ser tornado público, por favor me avise, pois é princípio ético na Ufologia respeitar esses aspectos.
Sílvio: Tenho que admitir que como operador de radar observei muitas e muitas coisas. Só que tem que ser fator relevante aí, levando em consideração três aspectos né? O primeiro é que eu não tinha né, assim como os demais colegas também, não tínhamos preparação para entender o que estava ocorrendo.

O segundo aspecto é relevante porque o equipamento naquela época disponibilizado não nos dava muitas informações além do qual eles já estavam ou tínhamos sido preparados né? Ou seja, nós não tínhamos a tecnologia que nós tínhamos hoje.

E o terceiro aspecto é que não era avião, não era um pássaro, entendeu? E não tinha qualquer forma de propulsão. O que eu quero dizer é o seguinte. Tudo o que se desloca emite onda eletromagnética. E isso aí sempre foi detectado. Porém, o deslocamento dele estava fora do nosso conhecimento técnico, do que nós conhecíamos, como hoje também todos nós sabemos, existe um propulsor, que emite gases, que emite calor. Nesse caso, nós não tínhamos isso. Então, competia à nós, fazermos aquele arquivo, tirarmos as fotografias que tínhamos e mandava para outras autoridades para que elas pudessem avaliar. E nunca tivemos retorno de tais coisas. Não só no ar, também como operando o sonar também, às vezes nós víamos coisas que não era a vida marinha e também não era submarino, porque nós tínhamos o conhecimento de uma coisa chamada Dopler, né? Quando a onda bate no alvo ela volta fazendo um barulho específico, se é vida marinha, se é ferro, se é pedra. E neste caso nós não tínhamos nenhum retorno do eco dentro destas características.

Jackson Camargo: Interessante essas informações. Todas as experiências que o senhor teve na Marinha então envolveram radares e sonares, ou houve algum avistamento?
Sílvio: Não. Nunca tive avistamento. Mesmo porque nem sempre nós tínhamos um mar adequado e uma atmosfera limpa. O que eu quero dizer é o seguinte. Para você visualizar um determinado alvo à uma determinada distância, se faz necessário que o mar esteja tipo água de piscina, digamos assim. E o tempo tem que estar muito limpinho para você possa visualizar algo. Caso contrário você tem contato radar e com auxílio de binóculos muito potentes você consegue visualizar um alvo desde que ele esteja na superfície. No caso de um alvo aéreo, ele é mais complexo a visualização, tendo em vista que você não consegue acompanhar devido ao jogo do navio e também devido às próprias condições atmosféricas que nem sempre estão límpidas suficientes para você visualizar. Dai não ter conhecimento de alvo a olho vivo. A maioria dos contatos que eu tive oportunidade de observar sempre foram através de equipamento radar.
Jackson Camargo: O senhor serviu a bordo do Navio Aeródromo Minas Gerais. Os pilotos de caça com os quais teve contato relataram algum tipo de ocorrência com esses objetos?
Sílvio: Olha, provavelmente sim. Eu não posso te afirmar isso haja visto o seguinte, que quando há um contato, geralmente o mais antigo, e isso é característico da carreira militar, o mais antigo faz um relatório, chega para equipe dele e pede sigilo sobre aquele conteúdo e encaminha para as autoridades competentes. Então, não é normal nós tomarmos conhecimento de que a Equipe A ou a Equipe B visualizou alguma coisa. Geralmente no papo, lá fora, é que o pessoal diz que aconteceu algo que estava fora dos padrões.
Jackson Camargo: Interessante. Ao longo do tempo o senhor percebeu algum padrão, seja de comportamento ou de periodicidade destas aparições? Era algo corriqueiro?
Sílvio: Começando respondendo pela sua ultima frase. Corriqueiro não. Isso era uma eventualidade, digamos assim. Não havia um período, digamos assim. Não tinha bem essa colocação. O único padrão que sempre foi observado que quando havia detecção radar, em tese, o objeto estava como se fosse um helicóptero, “hoverando”, depois ele, simplesmente, saia numa velocidade que não havia parâmetros para cálculo. O único padrão que eu lembro é que eu nunca lembro de ter visualizado algo no tempo chuvoso, tá? Agora precisa levar em consideração que com chuva né, o próprio comportamento do radar é alterado, né? Porque aí vem problema de nuvem, problema de temperatura. Tudo isso altera a operacionalidade do mesmo.
Jackson Camargo: Qual foi a experiência mais significativa que o senhor testemunhou?
Sílvio: Vou relatar pra você que uma determinada comissão que nós estávamos fazendo, eu não lembro exatamente o ano, mas se não me falha a memória foi no litoral do Rio Grande do Norte. Apareceu um objeto que me chamou muito a atenção, dai o motivo de eu nunca esquecê-lo, que parecia uma tábua de carne, dá pra entender? Muito grande, e que parecia uma tábua de carne, mas o início ficou um pouco difícil de se entender o que estava ocorrendo, mas quando fizemos alguns ajustes nos equipamentos radar, notamos que era  uma grande mancha, cheia de formato de tábua de carne e em questão de segundos simplesmente desapareceu rumo norte, na direção do Golfo do México.
Jackson Camargo: Interessante. Foi possível estimar o tamanho, a distância em que o objeto estava e a velocidade em que ele desapareceu?
Sílvio: Olha meu camarada. Geralmente a distância do alvo é calculado pelo próprio eco radar. Um equipamento dispara uma onda eletromagnética. Ela bate no alvo e volta. Pelo tempo que ela vai, atinge e o eco volta, nós temos a velocidade estimada. A distância é geralmente dada em jardas. Uma jarda, se não me falha a memória é 98 cm, aproximadamente. Que eu lembro assim, o alvo assim a 8 ou 9 mil jardas dentro desse aspecto aí. Não lembro de nenhuma coisa antes disso aí. Apesar de que existe um fenômeno que nós chamamos de duplo radar que é um diferencial de temperatura que forma um tubo na atmosfera. E quando a onda radar consegue bater dentro desse tubo ele fica como se fosse canalizado. Então, ele vai buscar uma alvo além do horizonte, que seria em tese além do horizonte radar. Então já houve relatos de colegas que já detectaram a 18, 24, 25 mil jardas, entendeu? Mas não é padrão isso aí. Raras vezes que isso acontece, mesmo porque para que ocorra tal fato se faz necessário que se faça esse fenômeno que nós chamamos de duplo radar.

Quanto ao tamanho, fica um pouco complicado porque o alvo pode ser grande mas se ele está longe, a representação dele em radar torna-se pequeno, entendeu? Um exemplo prático… Se você tiver com um navio mercante, um petroleiro por exemplo a 5 mil jardas, 4 mil jardas, ele aparece na tela radar, mais ou menos 80% do tamanho de um grão de arroz. Um caça, por exemplo, ele já aparece fazendo uma trajetória. Você só tem um início e só tem um fim. Você sabe que é um alvo aéreo devido à velocidade e o próprio sistema de  deslocamento que é perfeitamente identificado que é um objeto aéreo. Ou seja… Não dá pra dizer o tamanho.

Jackson Camargo: Entendi. O que seus colegas e seus superiores afirmavam a respeito destas aparições?
Sílvio: Aí meu camarada, é negar dados. [Sua resposta quando não desejava comentar sobre algo ou fornecer determinadas informações].
Jackson Camargo: Ok. Tudo bem.  O senhor chegou a tomar conhecimento de um fato ocorrido em Navegantes (SC), em Julho de 1974?
Sílvio: Olha… Eu não tinha ingressado na Marinha ainda, entendeu? E também não… Já li a respeito disso ai e já vi outras pessoas fazerem comentário, mas não lembro de detalhes. Aliás… Eu vejo o pessoal comentando isso aí desde quando me entendo como gente. Sempre houve esses papos aí, tá? É que nem o ET de Varginha. Mais ou menos dentro desse aspecto. Então sei vários, através da imprensa aí, de vários fatos que ocorreram. Inclusive alguns que geram até dúvidas. Mas conhecimento sempre chega né? De uma maneira direta ou indireta.

Só pra relatar um probleminha. Em 1977, não lembro direito. Uma aeronave da Marinha estava regressando de um exercício de submarino. E eram duas aeronaves voando. E uma delas simplesmente desapareceu. E foi feito uma operação de busca e etc. Se não me falha a memória isso foi em agosto de 77 ou 78. Esquece o ano que realmente eu não lembro. E depois apareceu um doido aí da… Eu digo doido, tá pois o fatos comprovaram isso depois. Apareceu um doido aí que diz que diz que mexia com Ufologia, que não sei o que lá, que a nave tinha sido abduzida e que iria aparecer na cidade de Macaé e marcou o dia e hora.

Resumindo… Durante a semana que estava se aproximando que o cara havia comentando então, começou uma grande multidão se concentrar na cidade de Macaé para então  visualizar a chegada do então disco voador que estaria trazendo os tripulantes dessa  aeronave. E o camarada lá fez a propaganda dele lá e juntou uma porção de coisas, tinha  barraquinha de cachorro quente, de refrigerante, pastel. Enfim meu camarada. Não  apareceu foi nada e o camarada fugiu foi no pinote. Quando foi em 2005, pescadores usando  uma rede no litoral de Rio das Ostras trouxeram o rotor de calda da aeronave. O helicóptero tem um rotor lá na calda dele e depois com o levantamento feito concluiu-se que  era o helicóptero desaparecido. O que eu quero concluir com isso? Que houve aqueles fatos  dentro desse aspecto aí que nada tinham a ver e com objetivo qual você se propõem a  estudar, entendeu?

Jackson Camargo: Eu lembro desse caso… Infelizmente tem uns espertalhões que se aproveitam do tema. Em 1986, o senhor estava na ativa? Se sim, o senhor teve conhecimento sobre alguma ocorrência envolvendo estas aparições que tenham sido registradas pela Marinha? Avistamentos relacionados à chamada Noite Oficial dos OVNIs?
Sílvio: Em 1986 eu estava na ativa e ouvi falar também nessa grande noite que teve ai, mas eu estava em Pensacola, na base americana. Estava fazendo um curso lá de um equipamento radar novo que ia chegar, então não teve nenhum registro da minha parte referente à isso aí.
Como eu falei anteriormente, se alguma outra equipe de algum navio teve contato foi feito aquele procedimento feito anteriormente.
Jackson Camargo: Durante sua carreira houve algum caso de objeto submarino não identificado?
Sílvio: Quanto à sua ultima colocação, é aquilo que eu te falei. O sonar quando emite a onda de som, ela bate no alvo e volta. E tem um barulho característico. Por isso todo operador de sonar treina isso constantemente. Ele distingue o que é vida marinha, uma pedra, um submarino. Entendeu? O submarino oferece pra você tipos de sons diferentes. Se ele estiver lateral o tipo de som é um, se ele estiver de frente, o tipo de som é outro. E se ele estiver de popa pra você, o som é outro, pois são características diferentes que o eco representa, entendeu? Na lateral tem maior área. Na proa tem uma área menor e na popa é onde fica todo o processo de propulsão dele. Já ouvi relatos de que houve sim objetos não identificados, mas é como eu te falei, não sei entrar em detalhes mesmo porque não tive conhecimento dos relatórios, porque anteriormente como te falei, tá, são relatórios realizados e enviados para pessoas que tratam só desse assunto aí.
Jackson Camargo: Interessante. Existem vários casos de objetos submarinos, registrados por Marinhas de diversos países e também navios não militares. Na sua opinião, por qual motivo a Marinha ainda não tornou público seus arquivos sobre estas aparições?
Sílvio: Existe uma, digamos, uma técnica né? Que as vezes o silêncio é a melhor resposta. Eu entendo, pela experiência que tenho aí da carreira militar, que determinadas coisas não vale a pena você argumentar porque vai criar uma polêmica muito grande, mesmo porque as outras marinhas que devem ter também esse tipo de coisas, elas também não divulgam. Se você analisar bem, existe arquivo praticamente em vários países, mas ninguém chegou pra dizer oficialmente que tal problema houve. Acho que só os Estados Unidos mesmo que gostam de fazer esse tipo de comentário. Então, a minha opinião é que isso não vai somar nada, não agregar absolutamente nada, entendeu. Só mais uma adendo. Se qualquer órgão que falar a respeito disso aí e fizer divulgação vai ficar complicado pra caramba, pois os outros que são detentores do conhecimento vão querer indagar sobre o porque de falar sobre isso agora, etc, etc, etc. Então acho que é uma situação bem complexa, que acho que a melhor maneira é deixar isso em arquivo mesmo para estudos futuros.
Jackson Camargo: No caso da Força Aérea, existe uma grande preocupação em não manchar a reputação da Instituição, ao abordar o tema dos OVNIs. Este seria um dos motivos para tal silêncio?
Sílvio: Quanto à sua ultima colocação, negar dados meu camarada.
Jackson Camargo: Certo. E qual a sua opinião sobre estes objetos? Seria fruto de tecnologia terrestre, de alguma nação mais desenvolvida ou seria algo ainda por descobrir?
Sílvio: Olha meu camarada. A única coisa que eu posso dizer pra você, opinião minha logicamente, é que está fora dos padrões os quais eu conheço. Entendeu? Padrão de propulsão, padrão de aerodinâmica, entendeu? Porque é complexo responder a sua pergunta dentro do pouco conhecimento que eu tenho referente a isso aí. O que eu acho é exatamente isso. Que não é algo nosso porque o sistema de propulsão é totalmente diferente daquilo que eu conheço.
Jackson Camargo: Certo. Eu quero agradecer o senhor pela disponibilidade e confiança em conversar sobre esse tema. Existe algo mais que o senhor queira acrescentar?
Sílvio: Bom meu camarada. Por hoje não, quem sabe no futuro, aí talvez a gente converse mais a respeito disso aí.

 

Em nossa conversa, nosso informante revelou o processo de registro de fatos ufológicos da Marinha, que envolve a inclusão de imagens nos relatórios, que são bem mais detalhados e substanciais do que o padrão utilizado atualmente na Força Aérea Brasileira. Soma-se à isso o fato de que a Marinha do Brasil monitora 3,6 milhões de km2 de mar territorial e em variadas ocasiões exerce ações a cargo da ONU em várias regiões do planeta, além das manobras de treinamento conjunto com outras Armadas. Com toda essa sua vasta área de atuação, monitorando o céu, a superfície dos rios e mares, bem como o ambiente submarino, podemos ter uma ideia do fabuloso acervo ufológico ainda sob sigilo e em posse da Marinha do Brasil. Registros esses, que vencidos os prazos de sigilo, deveriam ter sido já disponibilizados à população, por meio do Arquivo Nacional no Brasil.

Na qualidade de pesquisador do fascinante tema dos OVNIs, sabendo-se que parte deste fenômeno possui altíssima tecnologia, e que tal tecnologia ainda não está ao alcance de desenvolvimento das nações mais avançadas do nosso planeta e sabendo-se também que seu comportamento é não intrusivo à nossa sociedade [alias, tal comportamento demonstra certa curiosidade científica], podemos concluir que é necessário o entendimento de sua real natureza.

E não apenas o entendimento científico e militar em relação ao tema, mas também o esclarecimento da população frente à este tipo de fato, pois se um dia, estas inteligências, sejam quem forem, resolverem se manifestar pública e definitivamente, nossa humanidade teria preparo para este tipo de contato?

Somente a união de militares, cientistas e ufólogos (aqueles com trabalhos sérios e fundamentados) é que o  maior entendimento sobre estas questões poderão alcançados, refletindo na conscientização da população, o que vai reduzir enormemente os impactos de tal contato.

Embora não admitam, a Marinha do Brasil possui farta documentação sobre OVNIs por ela registrados, tanto nos céus, quanto nos mares.

 

Segundo depoimentos de militares, em condições de anonimato, os fatos ufológicos são remetidos ao Estado Maior da Marinha, que reúne informações sobre estes casos.

 

O NAeL Minas Gerais (A-11) foi um porta-aviões (Navio-Aeródromo Ligeiro) da Marinha do Brasil, em serviço entre 1960-2001.

 

 

Referências


  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Ed. 126_128
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Ed. ESP_1975
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 04
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 06
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 16
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 18
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 19-20
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 22-23
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 24-25
  • Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores – Edição 1975
  • ZALUAR, Aurélio. Caso da Ilha de Trindade: 21 anos depois. OVNI Documento, Rio de Janeiro, nº 5, p. 21-24, out/dez 1979.

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