UFOs Rondam a Cidade de Pinhão (PR)

Por: Jackson Camargo Comentários: 0

No pequeno município de Pinhão, Paraná, casos ufológicos são fato corriqueiro e fundem-se ao folclore local.


O município de Pinhão está situado no centro sul do Estado do Paraná e possui uma população de aproximadamente 30.000 habitantes. A principal atividade existente na região é a agricultura, sendo a cidade rodeada por diversas propriedades rurais de médio e pequeno porte, sendo algumas delas de difícil acesso. Em alguns locais estas propriedades ainda não dispõem de energia elétrica, telefone ou água encanada. Algumas estradas de acesso à certas comunidades estão em condições precárias, sendo que em épocas de chuva torna-se difícil a passagem de veículos convencionais. Em uma destas comunidades o CIPEX realizou mapeamento de casos ufológicos obtendo interessantes relatos dos sitiantes locais.

Nosso foco de pesquisa concentrou-se na região conhecida como Todos os Santos, onde a maioria dos moradores, de origem muito humilde, sobrevive em pequenas propriedades rurais onde desenvolvem agricultura, pecuária, extração de madeira e produção de carvão. Alguns poucos locais ainda possuem mata fechada que vem gradativamente perdendo espaço para as lavouras. Esta comunidade localiza-se a aproximadamente 10 Km ao sul da sede do município onde a energia elétrica chegou apenas em fins de 2007. Historicamente, o único meio de comunicação com o mundo externo, até 2007 era através de rádios à pilha que captavam a rádio da cidade e uma rádio de Guarapuava, cidade vizinha. Sendo o povo muito trabalhador e religioso os programas mais ouvidos eram de caráter religioso aos fins de tarde.

Folclore Ativo

Toda a zona rural do município possui tradições próprias, geralmente de caráter religioso, passadas de geração em geração. Além da tradição religiosa observa-se que existe uma intensa cultura folclórica de mitos e lendas comuns em outras regiões do país. Algumas destas com clara origem ufológica que o agricultor, em sua ingenuidade, atribui ao sobrenatural, associando estes fenômenos à Mãe d’Ouro, Boitatá, O Gritador, etc.

Alguns casos relatados são realmente estranhos e não fornecem uma ligação lógica com o fenômeno OVNI, mas devido à sinceridade dos depoimentos, muitas vezes compartilhados e corroborados por outros, constituem-se numa fonte de estudos interessante e inigualável. Um exemplo é o caso de um agricultor que na década de 1970 encontrava-se em um rancho, conhecido por eles como invernada, que é ocupado temporariamente em determinadas épocas do ano. Em uma destas ocasiões, este agricultor, que encontrava-se sozinho na pequena tapera, ouviu barulhos do lado de fora indicando que suas ovelhas estavam assustadas. A região, em outros tempos, era habitat de jaguatiricas e gatos do mato que não raras vezes atacavam os animais domésticos. Ele sacou sua arma e foi verificar. Foi então que ele percebeu que havia uma ovelha desconhecida presente no local. Estranhando o fato ele continuou observando o animal. Este andava pelo campo aproximando-se da casa, ao passar em frente a mesma começou a levitar e tornar-se brilhante dirigindo-se em direção ao céu. Isso impressionou o agricultor que acabou derrubando a tapera, posteriormente.

Ainda dentro do âmbito folclórico temos um mito local que não é encontrado em outras partes do país: A árvore fantasma. Não é difícil encontrar testemunhas deste tipo de manifestação. Em resumo esta história é basicamente a mesma: Uma árvore que surge repentinamente em determinado local onde sabidamente ela não existia. Geralmente apresenta-se como uma árvore frutífera bastante carregada. Geralmente ela é encontrada por caçadores que alimentam-se de frutos desta árvore. Eles descrevem estes frutos como normais na aparência mas extremamente saborosos. Estes guardam algumas frutas no embornal para alimentar-se mais tarde, visto que suas caçadas duram várias horas do dia ou da noite. Quando estes caçadores resolvem alimentar-se novamente percebem que os frutos estão secos ou podres, mesmo tendo sido colhidos poucas horas antes. Ao retornar ao local onde coletaram os frutos percebem que a árvore não existe mais. Nem mesmo vestígios dela.

Casuística

A casuística local é composta de inúmeros casos de avistamento a curta e média distância. Aproximadamente 75% dos casos que ocorrem na região enquadram-se como simples avistamento de luzes e objetos anômalos. O restante dos casos envolve aparições de estranhas entidades, que geralmente acabam sendo associadas aos mitos folclóricos locais. Também existem casos de abdução, ocorridos em sua maioria, em zonas rurais do município. Um dos mais conhecidos é o Caso Vanderlei, em que um garoto de Curitiba, em férias na casa de avós, passou por uma abdução no começo da noite, em 1990. Anos mais tarde, Vanderlei passou por hipnoses regressivas com os ufólogos Mario Rangel e Gilda Moura, no qual houve confirmação da abdução. Outro importante caso ocorrido no município foi o de um sitiante, que testemunhou o pouso de um disco voador, tendo sido abduzido e obrigado a manter relações sexuais com uma tripulante do objeto. Ele foi devolvido no mesmo local onde foi capturado, mas profundamente abalado com a experiência. Antes do fato, ele prestava serviços para outras pessoas, que o procuravam devido à qualidade e dedicação de seu trabalho. Após a experiência ele tornou-se uma pessoa medrosa, evitando sair sozinho, até mesmo para trabalhar, tendo que sua esposa acompanhá-lo onde quer que fosse. Em conversas com uma historiadora da região (não ufóloga) declarou mais ou menos nestas palavras: “i comadre num queru nem mialembrá, eu senti aquele muié muito bunita feiz coisa feia cumigo, i eu num tinha como reagi, deusulivre, nunca ovi falá que o diabo tinha muié, mais tem eu vi, aquela tentação…”. O protagonista deste caso era uma pessoa muito humilde, de muito poucas posses, que não tinha nem mesmo um aparelho de rádio em casa. Ia pouco à cidade e não era uma pessoa influenciada pela mídia, descartando a possibilidade de algo ter influenciado seu depoimento a ponto de criar uma história, como costumam alegar céticos ao negar a realidade das abduções. Convém citar também o fato de que o abduzido nem sequer usou os termos já conhecidos, como abdução, ETs, alien, OVNIs, etc. Em seu relato ele identifica o fenômeno a partir de sua realidade de mundo, no caso, pelo âmbito religioso dividindo o inexplicável entre bons e maus, Deus e diabo.

Em julho de 2000 estivemos coletando casos na região e encontramos inúmeros casos ocorridos pouco antes de nossa chegada à região. Um deles havia ocorrido na noite anterior e foi testemunhado por várias pessoas da região. Os depoimentos a respeito deste evento foram notavelmente idênticos. Todos descreveram o objeto como esférico, avermelhado, bastante luminoso, silencioso e rápido. Em sua maioria, as testemunhas perceberam um clarão iluminando a região. A maioria delas pôde sair de suas casas a tempo de observar o objeto. Uma das testemunhas ouviu comentários de que o estranho objeto teria descido em uma fazenda da região. Infelizmente não conseguimos localizar a origem da informação nem a fazenda onde teria ocorrido esta descida.

Este tipo de ocorrência não é novidade na região. Quase todos os moradores tem histórias de encontro com estranhos objetos luminosos quase sempre atribuindo estas fatos à manifestações divinas, fantasmagóricas ou à mitos folclóricos, como a Mãe d’Ouro e o Boitatá. Um caso interessante que encontramos é o de um senhor que vinha da sede da cidade para seu pequeno rancho em Todos os Santos. Ele contou-nos que por volta da meia noite observou um fogo azulado que fazia evoluções no caminho em que deveria passar. Como não tinha como voltar, ele decidiu seguir em frente. Após passar pelo fogo começou a correr e não olhou para trás. Este caso, embora antigo (ocorreu em 1990), reflete uma realidade ainda presente na região. Outro caso semelhante, também ocorrido por volta de 1990, foi testemunhado por dois garotos que ao voltar da Igreja de Santana, observaram uma esfera avermelhada que flutuava próximo a um pinheiro Araucária. Eram aproximadamente 21 horas e os garotos seguiram seu caminho. Alguns dias depois, ao passar pelo local constataram que o pinheiro havia secado.

No ano de 2000, um dos candidatos a prefeito da cidade colocou a disposição um ônibus para transportar os jovens desta região para estudar na cidade. O ônibus percorria a região por volta das cinco da manhã, trazendo-os após o término das aulas. Em um dos pontos, embarcam cinco moças, chamadas Eliane, Luciane, Nicéia, Maria e Maria do Carmo. Em depoimento elas afirmam que frequentemente observavam um pequeno objeto luminoso esférico, que subia até a copa das árvores e depois descia até uns dois metros acima do chão. O objeto emitia flashs luminosos de coloração amarelada e emitia um som, definido por elas como semelhante a um trek-trek. O depoimento, tomado em separado em quatro destas meninas, mostrou-se exato em praticamente todos os detalhes. Este objeto foi observado em diversas ocasiões, sempre no mesmo horário e local, deixando as testemunhas apreensivas. Como era inverno, elas tiveram a ideia de acender uma fogueira no dia seguinte para se aquecer enquanto esperavam o ônibus. Deixaram tudo pronto para, no dia seguinte, acender a fogueira rapidamente. Nas primeiras vezes o objeto não foi observado, porém, dias depois voltou a se manifestar da mesma maneira no mesmo local. Quando estivemos no local das observações encontramos as cinzas das fogueiras ao lado do ponto e o local das aparições cinco ou seis metros a frente. Não havia qualquer marca ou vegetação aparentemente afetada. Com o retorno das aparições as testemunhas resolveram pedir ao motorista que parasse no ponto e aguardasse a chegada delas pois tinham medo do estranho fenômeno que vinha ocorrendo ali. Elas interpretavam estas aparições como algum tipo de fantasma ou assombração, pois a aproximadamente 100 metros do ponto de ônibus, existe um local dito mal-assombrado, onde algumas pessoas dizem aparecer uma espécie de caixão que flutua a uns 2 metros do chão. Estas experiências, as chamadas visagens, possuem tal influência na vida destes moradores locais que pode modificar seus hábitos mais cotidianos.

Um outro caso interessante ocorreu com o senhor Sisenando Caldas, falecido em 2005. Ele nos contou que em 1985 estava em um racho, quando acordou por volta da 5:00 da manhã. Ao sair de casa observou um objeto de formato triangular, de grande tamanho a uns 100 metros de altura. O objeto seguia lentamente, vindo do sul, em direção ao norte e tinha aparência metálica. Sisenando pôde observar alguns detalhes na estrutura do objeto, que descreveu como “semelhante a um arado de boi”. Em cada uma das extremidades do objeto havia uma luz piscante. O objeto passou lentamente sobre a cabeça da testemunha, que gritou para seu filho, Josoel Caldas, que dormia dentro de casa. Josoel ainda pôde ver o objeto que sumia por trás dos morros da região.

Em outro caso que coletamos, uma família pode ver uma bola de fogo que se aproximava da janela de uma casa, seguindo até um portão distante uns 50 metros, voltando até janela. Tal luz ficou circulando pela região durante uns 30 minutos. Quando indagados sobre o que pensavam ser esta luz, as testemunhas afirmaram: “é pra ser o Boi-ta-tá”.

Um senhor, morador da região de Santana, vizinha de Todos os Santos, conta que em várias ocasiões observou o chamado Boi-ta-tá. Ele conta que ele aparece na Quaresma, geralmente próximo a árvores. Ele conta que não deve-se chegar perto destas luzes, que segundo ele deixam as pessoas abobalhadas.

Outro caso interessante ocorreu na região conhecida como Passo da Tapera, um local com fama de mal assombrado. Em uma noite de 1990, três amigos caçavam justamente nesta região. Por volta da meia noite eles encontravam-se em uma região com algumas poucas árvores em um declive. Repentinamente tudo clareou e eles observaram, pasmos, 12 esferas luminosas sobrevoando silenciosamente sobre a copa das árvores diretamente acima de sua cabeça (algo em torno de 20 metros). Todos os objetos eram perfeitamente esféricos, de coloração dourada e apresentavam espécie de cauda luminosa. Elas voavam lentamente, em formação, e não faziam qualquer ruído. Segundo uma das testemunhas, havia um objeto na frente, que era seguido por dois objetos voando lado a lado, sendo seguido por outros dois, e mais dois, até que no fim havia um único objeto. As testemunhas puderam contar ao todo 12 objetos. A luminosidade deles era tal que clareou toda a região como se fosse dia.

Estranhas Criaturas

Outro caso que coletamos ocorreu no início de junho do ano 2000. A protagonista deste caso, Verônica do Santos, 16 anos, saiu de casa por volta das 5 horas da manhã, para esperar o ônibus que a levaria para a escola. Ela caminhava aproximadamente 300 metros até chegar no ponto onde espera o ônibus. Numa madrugada dos primeiros dias de junho, Verônica saiu de casa como de costume para ir ao colégio. Logo após sair do terreno da família e chegar à estrada ela ouviu barulho de passos de alguém logo atrás dela. Ela pensou que era um amigo seu, que costumava assustá-la pelo caminho e gritou: “Pára Jociano, eu sei que é você!” Foi então que Verônica percebeu que aquilo que estava originando estes sons vinha pelo barrando da estrada e não parecia estar caminhando como uma pessoa normal e sim flutuando a baixa altura. Ela não teve coragem de olhar diretamente, mas viu que o misterioso vulto batia nas folhagens na beira da estrada, produzindo barulho. Tal ser emitia um som, semelhante a um murmúrio, que ela descreve como horrível. Ela caminhou mais algum tempo até chegar a um quebra corpo (espécie de fenda em cerca de madeira que permite a passagem de pessoas e impede a passagem de animais de grande porte). Ela notou que o vulto que a seguia parou e ficou em silêncio. Chegando ao ponto encontrou Jociano e outra amiga para quem contou o ocorrido. A partir deste dia, a testemunha não andou mais sozinha pela região. Verônica afirma que em outra ocasião observara, juntamente com seus irmãos e seu pai um objeto, cor de fogo que planava sobre a casa de um vizinho. Curiosamente sua mãe, que estava junto, não observou coisa alguma. Quando investigamos este caso, tentamos por três dias consecutivos conversar com a testemunha, que evitava falar no assunto. Somente alguns dias depois pudemos conversar com a testemunha, que nos passou todos os detalhes de sua experiência, acrescentando outras. Verônica, vive em uma casinha de pau a pique de dois cômodos: uma cozinha de chão batido e um quarto. Não possuem rádio, e em épocas difíceis sobrevivem de doações de vizinhos e amigos.

Qual seria o motivo para esta região ser palco de tantos avistamentos? Uma pergunta difícil de responder, mas analisando o contexto geológico da região podemos formular algumas hipóteses. Toda a região é rica em cristal de quartzo. Não se sabe porque, mas regiões com esta característica registram uma grande quantidade de ocorrências ufológicas. Além disto, possivelmente seja um área rica em recursos energéticos presentes no subsolo. Em 1993, uma empresa terceirizada prestou serviços à Petrobrás realizando testes de prospecção sísmica em toda a região. Vários moradores contabilizaram prejuízos decorrentes destes testes sendo indenizados posteriormente. Curiosamente, as áreas investigadas são as mesmas áreas ricas em ocorrências ufológicas. Talvez outro fator atrativo para os OVNIs seja o grande número de hidrelétricas presentes na região. O município de Pinhão é um dos maiores produtores de energia elétrica do país tendo duas Usinas Hidrelétricas (Segredo e Foz do Areia) dentro de seu território e outras usinas em cidades vizinhas.

O município de Pinhão indicado em vermelho no mapa do Estado do Paraná

 

Vista da região serrana do município, onde UFOs são constantemente avistados.

 

Referências:


  1. Arquivos CIPEX

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